Entre 2023 e 2025, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), por meio do Projeto SociobioMais, promoveu avanços significativos na Amazônia Legal. Nesse período, a iniciativa movimentou 11 territórios, mobilizou 437 fornecedores da agricultora familiar, indígenas, quilombolas e extrativistas, garantiu a entrega de 148 toneladas de alimentos e empregou R$ 1,4 milhão diretamente na economia destas comunidades. O balanço foi apresentado durante a Cúpula dos Povos, realizada na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém.

Os resultados apontam impactos estruturantes e sociais. Entre as ações consolidadas estão a realização de 12 oficinas de capacitação, o fortalecimento da Política de Garantia de Preços Mínimos para Produtos da Sociobiodiversidade (PGPM-Bio), que evoluiu para o SociobioMais, a ampliação do acesso às políticas públicas de comercialização, o aprimoramento da governança local nos territórios atendidos e, principalmente, o resgate de tradições alimentares que estavam sendo deixadas de lado pelo consumo de bolachas e sucos industrializados – o que gerava quantidades significativas de lixo na Floresta.

O projeto também contribuiu para a redução da evasão escolar em comunidades indígenas participantes do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), executado pela Conab. De acordo com o diretor de Políticas Agrícolas e Informações da Companhia, Silvio Porto, a reintrodução de alimentos tradicionais nas escolas foi decisiva. “O projeto resgatou formas de se alimentar que ficaram no passado por conta da entrada dos alimentos industriais. Com a introdução do açaí, do peixe, da farinha, da tapioca, houve uma mudança: os alunos se motivaram e criaram o ‘cardápio dos sonhos’, indicando o que realmente desejavam. É isso que o PAA está viabilizando hoje”, afirma Porto.

Antes da intervenção, muitas crianças consumiam alimentos industrializados, que não atendiam às suas necessidades nutricionais. Com a oferta de produtos como bolo de puba, tapioca, galinha caipira, cará, açaí e mingau de mesocarpo os estudantes passaram a ter uma alimentação adequada à sua cultura, favorecendo o retorno às aulas. Ao mesmo tempo, agricultores familiares, indígenas e extrativistas passaram a ser remunerados para produzir a alimentação escolar, fortalecendo a economia e a autonomia locais.

A programação realizada durante a Cúpula dos Povos também promoveu um intercâmbio de experiências entre agentes territoriais do Maranhão, Pará e Amazonas, permitindo a troca de conhecimentos e aprendizados acumulados ao longo da execução do SociobioMais.

Executado pela Conab em parceria com a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ) e financiado pelo Programa Euroclima+, o projeto atuou nos territórios do Médio Mearim (MA), Marajó (PA), Terra do Meio (PA), Juruá (AC) e Médio Solimões (AM). As ações fortaleceram sistemas produtivos, incentivaram práticas sustentáveis e ampliaram o acesso às políticas públicas relacionadas à sociobiodiversidade.

Entre seus principais legados está a consolidação da rede de Agentes Territoriais Ambientais (ATAs), formada por jovens e lideranças que contribuíram para a mobilização comunitária, o acompanhamento das atividades em campo e o fortalecimento da governança territorial. Segundo Melania da Silva Gonçalves, moradora da comunidade Maribel, na Terra do Meio, e comunicadora da Conab pelo PAA, o trabalho de conscientização tem sido essencial para fortalecer o entendimento sobre a política pública.
“Visito comunidades ribeirinhas e agricultores familiares, levando informação sobre o PAA. Antes, quase não se falava do programa. Esse trabalho tem sido fundamental para garantir merenda de qualidade, reduzir o lixo de enlatados e fortalecer a renda das famílias, já que muitos voltaram a plantar por saber que têm para quem vender. Há também a parte cultural: as pessoas retomaram alimentos que sempre fizeram parte da nossa vida. Essa é a importância do PAA para nós”, acrescenta.

O encerramento do Sociobio+ na Cúpula dos Povos marcou simbolicamente a conclusão da iniciativa, reafirmando o compromisso com a floresta em pé, a diversidade sociocultural da Amazônia e a continuidade das ações de apoio aos povos e comunidades da região.

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