A incerteza global, impulsionada por mercados de trabalho voláteis, crises econômicas e transformações tecnológicas aceleradas, está moldando uma nova mentalidade na juventude brasileira. Longe da despreocupação que historicamente marcava a entrada na vida adulta, a chamada “Geração do ‘E Se'” demonstra uma postura proativa, traduzida na antecipação da contratação de seguros.
Para Gustavo Bentes, presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros de Minas Gerais (Sincor-MG), este movimento reflete um amadurecimento acelerado. “Antigamente, o seguro era para quem já tinha um patrimônio consolidado. Hoje, o jovem percebe que a proteção é a base para construir esse patrimônio em um cenário tão volátil e competitivo”, afirma Bentes.
Insegurança profissional
O mercado de trabalho é um dos principais catalisadores dessa mudança. Com a alta rotatividade, o crescimento do trabalho freelancer e a queda da segurança do emprego formal, a estabilidade de carreira não é mais garantida.
O jovem, que muitas vezes é empreendedor ou freelancer, não conta com os benefícios tradicionais da CLT. Isso impulsiona a busca por seguros de vida e previdência privada mais cedo. “Proteger a capacidade de gerar renda em caso de inatividade ou doença se tornou uma prioridade para não comprometer o futuro financeiro”, explica o presidente do Sincor-MG.
“O início da vida adulta traz a aquisição do primeiro veículo e a busca por experiências globais. O seguro auto e o seguro viagem deixam de ser opcionais. O jovem que viaja para intercâmbio ou adquire um veículo percebe que o custo de um imprevisto (médico no exterior ou um sinistro no trânsito) pode ser devastador para seu planejamento”, complementa Bentes. .
Fator tecnológico
O presidente do Sincor-MG observa que a digitalização do setor foi fundamental para a adesão dessa geração. As insurtechs e as seguradoras que investiram em digitalização simplificaram drasticamente o processo de compra, alinhando-o ao comportamento digital do jovem.
“A tecnologia permite que a contratação de uma apólice seja feita em minutos via smartphone. A Inteligência Artificial (IA) e o Big Data possibilitam precificar o risco de forma mais justa e rápida, desmistificando a complexidade do seguro”, acentua.
Segundo Bentes, surgiram produtos sob medida, como seguros por uso (pay-as-you-drive) ou proteções temporárias. “O jovem consegue contratar apenas a cobertura que precisa, otimizando o orçamento e sentindo-se mais no controle do que está pagando”, pontua.
Educação financeira
No cerne da “Geração do ‘E Se'” está uma crescente consciência sobre educação financeira. “O seguro está sendo ressignificado: de um “gasto” para uma ferramenta de gestão de riscos”, ressalta Bentes.
Para ele, a principal lição de finanças é a criação da reserva de emergência. O seguro atua como um protetor dessa reserva. Ao pagar um prêmio baixo, o jovem evita o endividamento ou o esgotamento da poupança em caso de grandes imprevistos.
“O jovem entende o benefício de custo-benefício. O prêmio de um seguro de vida contratado aos 25 anos é significativamente mais baixo do que aos 40. Essa contratação antecipada é vista como um investimento estratégico de longo prazo”, sustenta.
“O setor de seguros está se comunicando com essa geração na linguagem da responsabilidade, planejamento e tecnologia. O resultado é uma juventude mais consciente, que usa a proteção como base sólida para realizar seus objetivos em um mundo, sim, mais incerto. É uma atitude de estratégia, não de pessimismo”, conclui o presidente do Sincor-MG.
