Em muitos casos, pode ser necessária a reestruturação da infraestrutura de rede desde o início.

As enchentes ocorridas nos últimos dias em boa parte do Rio Grande do Sul têm colocado em alerta, não só o Estado gaúcho, mas boa parte do país. As chuvas devastadoras afetaram quase todos os serviços considerados essenciais para as pessoas, dentre eles o de acesso à rede mundial de computadores.

Em redes externas, os estragos causados pelas enchentes vêm sendo percebidos. Cabos de fibra óptica, que são responsáveis por transmitir dados em alta velocidade, podem ser rompidos ou danificados pela força da água e pelos detritos arrastados pela correnteza. Além disso, nesses casos, os postes de telecomunicações podem ser derrubados, o que agrava ainda mais a interrupção da conectividade em áreas inteiras.

Com tamanha devastação, a reconstrução das redes de internet após uma enchente pode se tornar um processo complexo e demorado. O trabalho envolve equipes de técnicos que devem trabalhar incansavelmente para avaliar os danos, substituir equipamentos danificados, reparar cabos e restabelecer a conectividade. Em muitos casos, pode ser necessária a reestruturação da infraestrutura de rede desde o início, o que pode levar de seis meses a um ano, preveem especialistas.

“Em situações como essas, equipamentos de rede que não tenham a chamada proteção IP 67 e IP 68 – que certifica uma vedação altamente eficaz em caso de submersão – ou que porventura foram instalados sem a precisão indicada, podem ser inundados e, com isso, comprometendo seu funcionamento e, inclusive, exigindo substituição”, enfatiza o Gerente de Engenharia da Fibracem, companhia especializada no mercado brasileiro de comunicação óptica, Sebastião Rezende.

O cenário de caos coloca evidencia também em mais um ponto sensível: a falta de comunicação. Com muitas pessoas ainda desaparecidas e muitas ‘ilhadas’, a inexistência de notícias de familiares, parentes e amigos pode se tornar ainda mais angustiante em momentos extremos. “Sem falar que, sem uma internet funcionando, equipes de resgate ficam impossibilitadas de contar com recursos importantes, como geolocalização, que facilitaria e daria mais celeridade ao processo de busca e resgate de sobreviventes”, comenta Rezende.

Para se ter uma noção, segundo sistema disponibilizado pela Agencia Nacional de Telecomunicações (Anatel) que monitora a situação das redes móveis no Sul do país, uma média de 25% das redes das principais operadoras foram fortemente danificadas e ainda estão sem sinal.

Data Centers também devem passar por reestruturação

Os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul também afetaram infraestruturas internas, dos chamados data centers. Considerados os centros neurais da tecnologia e que são essenciais para manter a conectividade e garantir a continuidade dos serviços digitais, muitos deles foram altamente danificados durante a tragédia.

O atual contexto coloca em evidência a importância de colocar como prioridade, também, o planejamento mais aprofundado sobre a localização ideal dos ambientes de data centers. Marcos Ceacero, especialista técnico da Fibracem, o fato do alagamento do aeroporto internacional de Porto Alegre, que permanece fechado por tempo indeterminado, é um forte indício que a enchente danificou, inclusive, a infraestrutura de rede interna responsável pela comunicação aeroportuária. “Pode se levar tempo para a reestruturação de toda essa parte, pois é bem provável que, no mínimo, 60% dos componentes presentes para o funcionamento de um data center foi comprometido e deverá ser substituído”, afirma.

Alternativas para o futuro

De acordo com o Gerente de Engenharia da Fibracem, em se tratando de infraestrutura de rede externa, atualmente existem alternativas eficazes que podem suportar por um longo tempo situações de alagamento. “Hoje, produtos pré-conectorizados são altamente testados para sustentar o funcionamento mesmo em ambientes submersos por água, desde que instalados de maneira correta, e isso pode ser uma alternativa que contribua de maneira significativa para manter o sinal de internet ativo nas maiores localidades possíveis”, finaliza Sebastião Rezende.


Hamilton Zambiancki
Imprensa Fibracem
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