Uma das expressões mais proativas de solidariedade no mundo contemporâneo, o trabalho voluntário comemora seu aniversário neste dia 28 de agosto, quando se celebra oficialmente o Dia do Voluntariado. A data, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1985, reconhece o valor social de um gesto generoso, que movimenta pessoas e organizações a serviço de comunidades vulneráveis ou causas sociais.
Embora o trabalho voluntário seja algo presente em muitas organizações sociais, a ampla mobilização da sociedade civil em apoio à população afetada por uma tragédia climática sem precedentes no Rio Grande do Sul, com inundações que afetaram 95% das cidades daquele Estado, colocou o tema em evidência. Muito além do envio de doações para as famílias desabrigadas, esses personagens se deslocaram de suas localidades para, de corpo presente, contribuir com os esforços do Poder Público no resgate e na assistência às vítimas.
A ação voluntária de inúmeras pessoas e organizações em favor do bem comum, que emocionou os brasileiros em vídeos que circularam nas redes sociais e veículos de comunicação, deve melhorar o desempenho do voluntariado no país para este e para os próximos anos.
De acordo com a última edição do ranking global de solidariedade World Giving Index (WGI), pesquisa global sobre doações e trabalho voluntário praticados em 142 países, realizada pela Charities Aid Foundation (CAF) e representada no Brasil pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), o país caiu, em 2022, da 18ª para a 89ª posição. O levantamento ainda apontou que cerca de 4,2 bilhões de pessoas praticaram algum ato solidário naquele ano, o que representa 72% da população mundial adulta.
“Ser um voluntário é ter a oportunidade de conhecer pessoas e contribuir com uma causa maior, além de se desenvolver pessoal e profissionalmente em cima de todo o aprendizado humanitário. Ao se voluntariar, você se torna uma parte vital de uma rede de apoio e solidariedade que fortalece a sociedade como um todo, promovendo colaboração e senso de pertencimento entre os membros da comunidade”, destaca Adriana Fock Laino, Gerente de Recursos Humanos e Desenvolvimento Organizacional da Aldeias Infantis SOS, organização global que lidera o maior movimento de cuidado do mundo.
“Voluntários trazem novas perspectivas e abordagens criativas para resolver problemas sociais, promovendo inovação e melhorias contínuas nos serviços e projetos oferecidos pelo Estado e pelas organizações da sociedade civil”, completa.
Cidadania corporativa
Para contribuir na construção de uma cultura do voluntariado e inspirar brasileiros e brasileiras a abraçarem essa causa, empresas e organizações da sociedade civil apostam em iniciativas altruístas de colaboração coletiva nas mais diversas frentes de atuação social.
Dessa forma, o Programa de Voluntariado do Instituto C&A, pilar social da C&A Brasil, promove, desde 1991, a conexão de colaboradores da marca a projetos sociais de todos os Estados nos territórios onde a empresa está presente, priorizando iniciativas com projetos de moda.
Gustavo Narciso, diretor executivo do instituto C&A, destaca como case de sucesso a Semana Moda para o Bem, que contou com diversas ações, entre elas caminhadas sustentáveis, revitalização de bazares, espaços e oficinas que fortalecem o trabalho comunitário para mulheres e juventudes periféricas; reformas de ONGs que visam fortalecer o trabalho de acolhimento e redução de danos a mulheres trans; e feira de oportunidades e troca de experiências com estudantes de moda da ETEC Carlos de Campos.
Segundo o executivo, hoje é estabelecida uma parceria com mais de 110 organizações sociais que, no último ano, relataram a arrecadação de mais de R$ 1,6 milhão de reais a partir das doações promovidas pelo Programa. A partir do valor de uso livre gerado com os bazares, são estimados R$ 230 mil em horas doadas, R$ 75 mil em serviços técnicos oferecidos e ainda R$ 70 mil investidos na reforma de espaços.
Outra empresa que aposta no voluntariado é a BASF. Na companhia, o trabalho voluntário é uma extensão natural de sua estratégia de sustentabilidade e engajamento social, em que ações concretas alinham-se às necessidades locais para promover um impacto socioeconômico e ambiental positivo.
De acordo com Ivânia Palmeira, Consultora de Sustentabilidade da BASF, a empresa se posiciona como geradora de valor para a comunidade ao exercer sua cidadania corporativa. “Promover impacto positivo está no centro estratégico do nosso negócio. Temos identificado oportunidades de conectar vários segmentos da sociedade, gerando valor financeiro, social e ambiental para todos.”
Ela cita como exemplo a revitalização de escolas em comunidades carentes do Estado do Mato Grosso, ocorrida no ano passado. Na ocasião, a empresa mobilizou clientes e voluntários para atuar em duas escolas, a Escola Boa Esperança e a Escola Nossa Senhora Aparecida, nos municípios de Sorriso e Campo Novo do Parecis, respectivamente. As ações incluíram a pintura e revitalização das fachadas e melhorias nas áreas de convivência, beneficiando mais de 1.300 crianças.
Outro destaque é o apoio a projetos de educação ambiental que incentivam a conscientização e a proteção dos recursos naturais. Dessa forma, a companhia envolve colaboradores e comunidades do entorno em atividades que educam e sensibilizam a população. “Iniciativas como essas destacam o compromisso da BASF com uma abordagem integrada de negócios, onde o progresso econômico e a responsabilidade social caminham juntos”, reforça Ivânia.
Esse engajamento é refletido nos números da empresa na América do Sul: segundo a companhia, mais de 706 mil pessoas foram impactadas por suas ações em 2023, com mais de 1,9 milhão de euros destinados a projetos sociais. Além disso, foram mobilizados mais de 1.500 voluntários em 95 ações, beneficiando 69 entidades diferentes.
Transformação social
Fundada há 109 anos, a Unibes (União Brasileiro-Israelita do Bem-Estar Social) realiza um amplo trabalho social com foco em crianças, jovens e famílias em situação de vulnerabilidade, além de promover cuidados a idosos. A organização tem como propósito desenvolver a autonomia, disseminar o interesse pela cultura e proporcionar o resgate da autoestima e da qualidade de vida.
Anualmente, a Unibes Social realiza cerca de 22 mil atendimentos em São Paulo. E além dos projetos sociais, a Instituição possui outros dois pilares: o Unibes Bazar, que atua na comercialização de produtos doados, em lojas físicas e online, e cujas vendas são todas revertidas para manutenção dos projetos sociais, e a Unibes Cultural, que há nove anos potencializa a autonomia por meio da cultura e do empreendedorismo.
Todo esse trabalho só é possível graças à dedicação de pessoas que, generosamente, doam seu tempo e conhecimento em favor dos outros. Hoje 40% de toda a equipe da Unibes é formada por voluntários, desde a presidência e corpo diretivo, até demais áreas, como a assistência social, bazares e área da criança e do adolescente. São professores, dentistas, médicos e outros profissionais que, juntos, compõem uma verdadeira força-tarefa para contribuir, por meio de ações sociais, com a transformação das vidas de milhares de pessoas todos os dias.
“No total, temos 260 voluntários, sendo 66% mulheres e 34% homens: 27% atuam na Unibes Cultural, em áreas de Audiovisual, Recepção, Social Media, Copywriter e Designer; 20% no Unibes Bazar, realizando a triagem dos produtos recebidos de doação, como bijuterias, roupas, eletrônicos, livros, entre outros; e 53% da Unibes Social, como crocheteiras, palestrantes, acompanhantes de idosos e também nas áreas de artes, maquiagem, informática, ginástica e yoga. Em 2024, já temos, aproximadamente, mais de 8.000 horas de trabalho voluntário realizado”, conta Camila Tersaroli, coordenadora do setor de Voluntariado da Unibes.
Na Aldeias Infantis SOS, o trabalho voluntário ajuda a expandir os serviços sociais da Organização e oferecer assistência às necessidades da comunidade. Além de apoiar operações diárias, o voluntariado também contribui para a conscientização da sociedade acerca da missão e do propósito da Organização.
“A relação da Aldeias Infantis SOS com seus voluntários é mutuamente benéfica. Isso porque o voluntariado fortalece a nossa capacidade de servir a comunidade, enquanto nós proporcionamos aos voluntários um meio de se envolver ativamente na construção de uma sociedade mais justa e solidária”, explica a Gerente de RH e Desenvolvimento Organizacional.
Como gotas da água
Maria Elinaura de Barros Alexandre, a Ely, sempre levou momentos de alegria para comunidades vulneráveis de São Paulo por meio do seu trabalho voluntário. Este ano, Ely deu um passo além e se voluntariou para apoiar as famílias atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Ela se juntou à equipe da Aldeias Infantis SOS em Porto Alegre, onde participou de várias atividades, e, também, atuou para apoiar os próprios profissionais da Organização, que, na ocasião, ajudaram os moradores locais.
“Ser voluntária em bairros e abrigos próximos de casa era algo tranquilo para mim. Mas ir para o Rio Grande do Sul em meio às enchentes me deu um frio na barriga, com medo do que encontraria lá. E foi tudo muito impactante. Mas eu quis fazer minha parte como voluntária para cuidar de quem cuida. Os profissionais da Organização precisavam estar bem para cuidar daquelas pessoas que estavam sofrendo”, afirma. “Sei que nós, voluntários, somos apenas uma gota da água no oceano, mas, como dizia Madre Tereza, sem ela, o oceano ficaria menor.”
Já Deise Ferreira dos Santos, 54, trabalha como voluntária da Casa de Oportunidades, projeto de Apoio à Juventude do programa de São Paulo (SP), localizado na zona Sul da capital. Ela admite que se voluntariou pela primeira vez porque sofria um quadro de depressão e precisava de um recomeço. Na Aldeias Infantis SOS, onde prepara lanches, apoia na arrumação da Casa e dos materiais pedagógicos, Deise se sentiu acolhida e estabeleceu vínculos afetivos com todos os envolvidos.
“É algo que faço de coração dando o meu melhor. Aprendi a amar cada jovem que cuidamos. Minha vida mudou e hoje me sinto muito feliz com todos ao meu redor se amando e se respeitando mutuamente. Criei vínculos aqui e até considero os jovens como filhos do coração”, finaliza.
Sobre a Aldeias Infantis SOS
A Aldeias Infantis SOS (SOS Children’s Villages) é uma organização global, de incidência local, que atua no cuidado e proteção de crianças, adolescentes, jovens e suas famílias. A Organização lidera o maior movimento de cuidado do mundo e atua junto a meninos e meninas que perderam o cuidado parental ou estão em risco de perdê-lo, além de desenvolver ações humanitárias.
Fundada na Áustria, em 1949, está presente em mais de 130 países. No Brasil, atua há 57 anos e mantém mais de 80 projetos, em cerca de 30 localidades de Norte ao Sul do país. Ao trabalhar junto com famílias em risco de se separar e fornecer cuidados alternativos para crianças e jovens que perderam o cuidado parental, a Aldeias Infantis SOS luta para que nenhuma criança cresça sozinha.
Sobre a BASF
Na BASF, nós criamos química para um futuro sustentável. Combinamos sucesso econômico com proteção ambiental e responsabilidade social. Cerca de 112 mil colaboradores e colaboradoras do Grupo BASF contribuem para o sucesso de nossos clientes em quase todos os setores nos países do mundo. Nosso portfólio é composto por seis segmentos: Produtos Químicos, Materiais, Soluções Industriais, Tecnologias de Superfície, Nutrição & Cuidados e Soluções Agrícolas. A BASF gerou vendas de € 68,9 bilhões de euros em 2023. As ações da BASF são negociadas na bolsa de valores de Frankfurt (BAS) e como American Depositary Receipts (BASFY) nos Estados Unidos. Mais informações em BASF.
Sobre o Instituto C&A
O Instituto C&A – pilar social da C&A Brasil – atua na construção de novos futuros por meio da moda. Com esse propósito, em suas frentes de Voluntariado Corporativo, Inclusão Produtiva e Desenvolvimento Institucional, fortalece comunidades de todo o Brasil, atua em sustentabilidade na cadeia e fomenta o acesso a trabalho digno e justo para pessoas e grupos que lutam pela afirmação de seus direitos: comunidades periféricas, pessoas negras, indígenas, LGBTQIAPN+, mulheres, refugiados e migrantes. Com mais de 30 anos de história, a instituição também realiza apoios humanitários em situações de calamidade pública, atuando nas necessidades mais urgentes após uma crise. Saiba mais no site.
Sobre a Unibes
Fundada há 109 anos, a Unibes (União Brasileiro-Israelita do Bem-Estar Social) realiza um amplo trabalho que inclui creche para crianças, atendimento socioeducativo no contraturno escolar, capacitação profissional para jovens com apoio para inclusão no mercado de trabalho, suporte às famílias em situação de vulnerabilidade e cuidado com idosos, com o propósito de desenvolver a autonomia, disseminar o interesse pela cultura, além de promover cuidados, resgate da autoestima e qualidade de vida. Atualmente, são realizados por ano cerca de 22 mil atendimentos em São Paulo.